De acordo com o Prof. Clóvis de Barros Filho, O amor de Platão, o pai da filosofia, é Eros e se baseia no desejo pelo que não se tem, que faz a vida oscilar entre a frustração de amar e desejar o que não se tem ou o enfado de ter o que não se ama mais.
Platão, filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, nos dizia que o amor esta ligado aos desejos e que estes desejos satisfeitos cessam o amor. Esses amores platônicos que vivemos na vida, percalçam em muito na adolescência por conter a força da conquista, até que o dia que finalmente se concretiza e perde sua força. Aristóteles, filósofo grego, por outro lado nos traz o amor das alegrias, das vibrações e da gratidão.
Prof. Clóvis se refere a Aristóteles, o pai da ciência, como quem recorreu à palavra Philia, para sua definição de amor, marcado pela presença. É o amor pelo encontro, pelas pessoas que já estão ao seu lado, pelos filhos que você já tem, pelo emprego que já é o seu e não aquele que você sonha. O amor de Aristóteles é o amor pelo mundo, quando o mundo faz bem. Não é desejo, é alegria, ganho de potência e de energia vital diante de um mundo que já é o nosso.
Sem dúvida, o amor de Aristóteles é a divina gratidão, mas acima disso talvez a consequência de uma busca maior baseada no suprassumo da busca das necessidades interiores como Kandinsky, artista plástico russo, professor da Bauhaus e escritor, afirmava em 1910 em seu livro o Espiritual na arte. Busca essa que nos faz ter a introspecção divina e entendimento da sua raiz. A coragem de tomar decisões baseadas naquilo que nos coloca ao mundo como elemento essencial e insubstituível, apenas por ser este seu papel de entrega de magia através da sua vocação.
Quantas vezes semeamos amores platônicos baseados em modelos de sucesso que acreditamos ser o caminho único para nossas carreiras? E quando por acaso da sorte criada da ilusão nos deparamos com essa conquista, logo perde o sentido e um grande vazio nos permeia ao ponto de sentir-se sem energia.
A bem dizer, amores platônicos são dores do mundo manifestadas como guias de consciência de caminhos que não são congruentes com a essência daquele que o tomou. A sociedade em sua patologia da normalidade, ou Normótica, cria padrões que muitos sem consciência seguem sem nem sequer entender que são apenas amores platônicos baseados no sonho de outros.
A busca mais profunda e inanimada esta no entendimento da essência e vocação e, com ela o propósito de vida que nos leva a atuar como seres que possuem missões e entregam sua magia ao mundo em um grande projeto de vida. Esse amor Aristotélico que nos emerge em alegria simplesmente por acordar em uma segunda-feira para atuar em seu trabalho é o mesmo que move o mundo para sua evolução.
Fernanda Dutra é Formada em Administração de Empresas pela Universidade Paulista e Artes Plásticas pela Escola Panamericana de Arte. Pós-graduada em Gestão Estratégica de Pessoas e em Marketing ambas pelo Mackenzie. Pós – graduada em Transdisciplinaridade em Educação, Saúde, Liderança e Cultura de paz pela Universidade da Paz.